AUTORRETRATO
não sou brasuca
não sou portuga
escrevo em garranchos desenfreados
e o belo de meu manancial restante
sai-me em tom irônico.
cansei da porcaria
dos versos que desde moço fiz.
já não tenho papas na língua
nem mordaças ditatoriais
e não me venham com comentários
de uis e ais tão iguais
aos sons que emito ao defecar.
não me venham
com tapinhas hipócritas nas costas
manter a aparência virtual,
citando tião carreiro:
'sou fogo de morro acima
sou água de morro abaixo'.
palavras são descartáveis
pensamentos têm sobrevidas
exijo de mim mesmo
mais que um cardápio de arroz-feijão
na escrita
a ela sou um comensal
hum!
delícia!
persigo o inalcansável
esfomeado!
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