O POETA LARSON TEM QUE MORRER!

O POETA LARSON TEM QUE MORRER!

Larson, um demo socializado!
Ele fura a fila do pessoal da terceira idade!
Ele ocupa os assentos dos deficientes, grávidas
e velhos  nos coletivos!
Ele joga bituca de cigarro na via pública, e
seu cão defeca na calçada!
Ele é neonazista que espanca nordestino!
Nunca leu Euclides da Cunha nem Graciliano Ramos!
Ele agride a esposa, pois desconfia de adultério!
Ele leva lixo industrial a áreas de manancial!
Ele é pedófilo virtual, complexado!
Ele, quando menino, foi currado pelo padrasto!
Diz-se maxista, mas quer que o pobre se exploda!
Ele! ignorante mais ignorado, ignoro!
Odeiem-no, por favor!
Até sua mãe encostava no tanque; nunca
lhe deu um pingo de respeito!
Negro, pra ele, é macaco!
Diz: 'negro, quando não caga na entrada,
caga na saída!'
FUZILEM O CARA!!
Arrastem-no preso ao parachoque traseiro dum
carro e o levem passear na avenida principal!...

Foi linchado dias atrás por uma gangue de mestiços
da favela que faz divisa com  seu bairro de classe
média. Por quê?... negou-se a dar um prato de
comida  a um dos integrantes. Que coincidência!
Aposentou-se bem jovem como funcionário duma
cozinha industrial. Sofreu uma queda brusca e,
um desvio na coluna cervical... Dizem que, nessa época,
Larson fazia campanha pra angariar fundos a doentes
aidéticos terminais fantasmas, asilos, etc.

Está na UTI. Imagino seus grandes olhos esbugalhados.
Larson tem que morrer pra eu morrer de rir!

Por que Poeta Larson?!

Dissera-me, anos atrás, que tinha o maior tesão pela
irmã e masturbava-se diariamente. Fez muitos poemas
eróticos pra ela. Adiquirira, pela nossa proximidade,
grande confiança em mim. Como seu único amigo,
tornei-me seu confidente.

Li, de cabelo em pé, o caderno memorial dele, e
que, antes de morrer, queria publicá-lo.

O POEMA QUE LI:
'pacto diabólico'.

" venha, senhor das trevas
furar com palito meu globo ocular,
curre-me até gozar
ó ser do confim vulcânico!
apodreça as mentes sãs,
premonize o caos,
envenene o mingau
do recém-nascido no hospital;
não quero um rosto
nem RG nem CPF..."

(pausa pra intermediação do eu original)

' Isso que o bem vence o mal é balela.
O bem e o mal são sementinhas imortais.
A opção é do regador, do jardineiro...'

VOLTANDO AO POEMA:

"encha-se a terra
do querer hitleriano,
reine a besta fera,
reine a bruxa maléfica,
reine a miséria dos escravizados,
morram os húmiles, os humanistas!
viva a política senil!
viva os falsários!"

Não consegui terminar a leitura.
Veio-me a mente a frase:
"O POETA LARSON TEM QUE MORRER!
E APODRECER COM SUAS PALAVRAS!"