cartinha a um amor fugaz, mas eternal

cartinha a um amor fugaz, mas eternal


um dia quando estiveres só
distante do besteirol
por que se iludem os faltos de amor
e já fizer alguns anos que não mais me esperas
se acaso ainda tens o dom da lembrança
num átimo prender-se-á em tua redoma
de sentires que me enlouqueciam
e entenderás o quão passageiro foi meu amor
(aquele amor idílico, lembras?)
do moleque que não cabia-se em si
sorrirás e verás ainda as muitas marcas
que guardo e guardei de ti

e se esforçarás
pra se deter num detalhe
no meu rosto jovial
de gostosas e mentirosas declarações
(as que eu fazia debruçado em teu colo)

penso que chorarás
pelo elo quebrado
pela página em branco até então
...
por não me encontrar
em mais nada que a console
pra iludir-se de novo em seus novos dias

quererás voltar no tempo
e odiará os espelhos
de tua linda juventude
...
mas saibas
és um retrato em minha vida
que não se desbotou
que sempre te amei e amarei
que o amor é mesmo mutante
é mesmo a carência pulsante
pois agora lembrei-me de ti
na solidão deste instante