A CURVA DO RIO QUE FOI
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio
Aonde o curiango faz ninhada
E a sucuri sua caçada
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio
Aonde nasce a alvorada
E os peixes saem das locas antes
Num balé na madrugada
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio
Aonde à sombra da noite
A chuva fina deságua
Em torrente
Sobre o barquinho
Que trouxe minha mágoa
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio
Aonde os raios vívidos
Luminam a invernada
E os bichos acordam
Em pinotes fazem serenata
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio
Meio fio
Da saudade que ficou
Se a vi sumir depois da curva
E a beleza de meus olhos levou
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio
Debaixo da frondosa palmeira
Bem no fundo
Pra em paz não ver mais
Teu aceno de adeus
Que na curva do rio se foi
Como onda passageira
Quando eu morrer
Quero ser enterrado
Na curva daquele rio,
Tanta vida lá presente
Vejo-me lá
Daqui da vida ausente
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