sexta-feira, 9 de agosto de 2013

COMUNICADO URGENTE A TODOS

*****

COMUNICADO URGENTE A TODOS


Olá a todos. Por aqui tá tudo normal. Os fortes curram os
fracos e os visitantes trazem maconha, cocaína, cigarros,
armas e celulares aos detentos.
A sirene tá tocando ininterrupta. Procuram-me. Lá de fora
ouço a voz do alto-falante, maldita e assombrosa.
Invadi a sala de informática a poucos minutos. Aqui tem
três complexos: a A, o B e o C. Sou do B, de bom. Acho-me
espremido, encalacrado e jurado de morte porque ontem,
lá na sala de recreio, em um jogo do Corinthians  na TV --
apareci com a camisa do Palmeiras, presente de minha amásia,
uma escritora amadora de sites literários, frustrada.
Estou trancado numa sala e já ouço, nos corredores, o som do
atrito dos coturnos no mármore, apressados, dos agentes de
segurança e carcereiros. Sinto-me cego no meio do tiroteio.
Amigos, desculpem-me pelos erros de digitação. Saibam
que no meu fiofó não passa nem agulha neste minuto.
Penso em escapulir pela janela dos fundos e rumar para o
ambulatório. Preciso tomar um antidepressivo. Tudo bem.
Corre um boato por aqui que sou intelectual e tenho um
caderninho de rascunhos debaixo do colchão. Nego! É
mentira dos rivais conspiradores! E só por isso, caras como eu
 -- que  têm um pouquinho de educação e cultura -- são
chamados de 'dondocas'. Dá pra entender tamanho absurdo!
Desde que vim parar neste inferno já mentalizei mais de mil
poemas e os engoli a seco. Perdi a identidade. Já nem sei
quem sou, o que fui e serei.
Espero que vocês estejam bem: livres como passarinhos...
Há uma rebelião em curso nas cabeças dos líderes de facção.
Preciso fugir (lembrei-me do filme Alcatraz, fuga impossível).
Daqui a pouco vão arrombar a porta. Ah, ia me esquecendo:
dizem que tenho a língua solta, mas, mesmo preso, não
aprisionarão minha liberdade de expressão.
Não sei quando estarei on line de novo. Custa caro cada
escapada. Toda vez sou espancado pelos brutamontes deste
Presídio de Livres Pensadores.

O PORQUÊ DE MINHA PRISÃO:

Sou boêmio. Faço uns bicos de cantor. Tempos atrás, lá se
vão dois anos mais ou menos, sei lá, eu estava me apresentando
num  bar noturno, o Bardomens (nome ficitício).
Alta madrugada, duas horas mais ou menos, sei lá, Comecei a
cantar e tocar 'Pra não dizer que não falei das flores, do Geraldo
Vandré', em inglês.
Tinha um sujeito com a esposa que permanecia calado na mesa 1,
reservada, bem na frente do palco. Ele, de lá, me olhava com
aquela cara carrancuda de general da SS. Dava-me o sinal de
negativo com o polegar. Em seguida gesticulava um sinal de degola
com a mão direita estendida, imitando um serrote a serrar meu
lindo pescocinho. Pode?
Com mais de 6 uísques nas veias desci do palco e fiz 'cabongue'
na cabeça dele. Dei-lhe 5 pancadas, a saber:  uma pelo Iraque,
uma pelo Afeganistão, outra por Cuba, uma pelo Vandré e, a
última, só com o braço do violão, por mim. Peguei minha
Honda 125, mas logo fui abordado pelos cavaleiros da ética.
Só depois fiquei sabendo que o mesmo era um turista americano
conhecido mundialmente. Um tal de Jorge Bucha (nome fictício,
cala-te boca!).
E só por isto, após o incidente, dei nome às pancadas.
Fui preso por desrespeito e agressão. Espero que não invadam
meu querido Brasil.

Meu nome é Fujicamoto Sem Bonsucesso (nome fictício, meio japa).
Desculpem se o texto está mal concatenado, pois trata-se de um
comunicado em trânsito. Comentários nesta página. Quiçá eu
responda na próxima escapadela, fuga? Fui. Abraço a todos.




***

Nenhum comentário: