MALDITOS POETAS
(não corrigido)
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(não corrigido)
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Maldito calidoscópio infrene.
Maldito almoxarifado minguado.
Maldito, sou maldito,
na corda-bamba me explico.
Preciso alinhavar alguns pontos...
tenho muitas peças pra dar o arremate final.
Maldito sou, maldito és
entre os frutos do ventre comum,
gerador da estrela negra,
teimosa em luzir diurna,
mas que só aparece noturna
e real na folha em branco.
Malditos poetas!
Malditas estrelas fingidas!
Tão iguais,
camaleoas ante faces outras,
aguardam a neutralidade
pra se projetarem e morrerem sós,
gravitando em torno do personagem-mor,
mas, ao virarem pó,
deixam o buraco negro,
o vazio para que outras ocupem seus lugares.
Maldito sou!...
benquisto, malquisto, esquisito, causador de reboliço
a borrifar feitiço tal magia imprevista no espelhar
expectante de desconhecidos que prejulgam
o sumo de minha criação.
Malditos poetas prosadores!
Maldito eu e meus eus entre eles!
Maldita fonte de ilusões sublimes,
de desilusões infames!
Malditos lenhadores de fogueiras virtuais
onde se queimam os males!
Malditos urbanos de corações ciganos!
Proclamo meu manifesto num gesto
a oxigenar - mais e mais, dia após dia -
pra propagar que até em ato de rebeldia
que a maior poesia vem d'alma fria
- paradoxal -
pra aquentar sem fogo,
só com a energia da luz que,
ao se apagar em mim,
invade a trilha do leitor capaz de absorver
o sentido, o sentimento diminuto, compactado,
moldado e aconchegado a um mundo cabível.
Malditos poetas!...
mal vistos
do mal, ditos
mal e mal
maus e maus;
do bem, sem mau;
Malditas mentes veras de atmosferas!
Pseudo atletas do verbo de tempos inconstantes!
Avante malditos!
da paz, do amor!
do sangue, suor e páginas,
de sorriso e de dor!
Avante meu levante,
doravante semanticamente sem mais aliterações...
Quiçá outra metáfora:
"meta fora maldito os malditos de versos quebrados
que outro, aí do teu lado, teu perseguidor,
reside em ti pra te socorrer,
se de arroubos está isento, pois sabes que teu viver é,
de prova em prova,
teus olhares de experimento."
Malditos poetas!!
Baús de reações!!
Não pertencem a este mundo!
Encenam, encenam
pra brilharem na cena posterior
como estrelas à espera da noite.
Maldito, maldito sou!
Malditos somos em nosso próprio livro!
Ó escolha metafísica inopcional etc. e tal!
Ó babel de amores como flores,
uma que inda vou colher
mesmo sem ela ser a mais bonita,
mas que a farei mais bela na escrita.
Ó e ó e oh!
Fuga em liberdade!
Maldita vida que me faz bendizê-la,
se no negror do céu consigo ver uma estrela
como um poema que farei... indelével...
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