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o velho vendedor de sandálias e chinelos.
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o velho vendedor gordo e bonachão com sua calça de suspensórios tinha um farto bigode grisalho...
ele me vendia sonhos
apontava lá longe na esquina com suas sacolas e seu vozeirão imponente com sotaque português: -- sandálias e chinelos a preço de fábrica!
nunca pude comprar um par por mais modesto que fosse ... me enchia de orgulho quando alguém comprava e eu saltitava de pés no chão dentro do meu calçãozinho de pano de saco
hoje uns trocados não me faltam quando olho na mesma direção ainda escuto o seu 'slogan': -- vamos lá freguesia!!
o asfalto cobriu o pó a avenida está movimentada preciso ir numa loja quiçá no shopping...
os tempos são outros mas a alegria que eu sentia quando o velho vendedor aparecia já não sou capaz de externar apenas permanece dormente em minha memória como ingênua felicidade que não voltará jamais
o seu vozeirão sempre me vem à tona nas manhãs em que do portão fico torcendo pra ele aparecer... mas uma vozinha dentro de mim intercede: -- moleque! ô moleque! não cresça jamais! |
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