quinta-feira, 22 de agosto de 2013

retorno às minhas fantasias.

retorno às minhas fantasias.






ah, quanta vida vi escoar no tempo

que nem me lembro que fui rapaz
refazendo meu longo experimento
até chegar à  meninice fugaz



ah, de quantas querelas

pintei aquarelas e sobrevivi
das águas que chorei
outras que simplesmente engoli



ah, já nem sei se sei

mas se eu pudesse retornar
mudar minhas cóleras
nesta mansidão porvir
iria dizer a meus ex-amores
o quanto me dói hoje
não ter dado mais de mim
naquele ingênuo sentir
das moças que eu brincava
no sarro do primeiro cigarro
vestindo o jeans do anúncio de tv





ah, quem me vê
descrê que meu sonho esteve por um triz
com meus versos de pés quebrados
escritos nas últimas folhas do caderno
sem que meus amigos envergonhados
me vissem diferente do que eu era
tão cordeiro manso tão  fera
no meu tudo efêmero tão eterno



ah, contradições vitais

já não posso mais
me esconder entre os milharais
depois duma travessura
medroso de meus pais
que já se foram
deixando-me o vazio de dias  iguais



ah, vontade tamanha

quanto me assanha debruçar-me
no ombro amigo a absorver meus ais



ah, o quanto me fascinava

correr livre arisco nos temporais
segredar meus desejos a mim
filho de horizontes-ideais
em que eu pensava que seria mais feliz
mais sábio menos aprendiz
em lições de tantos ancestrais
mas que desde que refleti
entristeci calei-me
sem sentir-me feliz jamais



ah, relógio inclemente

tão querente de minha semente-dor
que nunca plantei
e se plantei inocente
foi somente erro de amor
que o tempo rouba na pétala da flor



ah, não quero morrer assim

sem dar o máximo de mim
inda quero ver-me numa criança-festança
mesmo no desencanto oposto do sim
quero sim inda  xucro correr moleque
serelepe no estradão vermelho sem fim
ladeado de mangueiras e cachoeiras
aspirar o poeirão do vento som de clarim



acordar nas madrugadas

ver os pássaros em revoadas
reacender meu estopim
observar as barcas
romperem sobre o capim



fugir deste presente

talvez vencer o jogo
no jogo de viciadas cartas
de bocas estúpidas caladas
que brotam e me derrotam
por inda sentir-me  curumim



a escrever passagens sagradas

resistentes ao tempo
no despertar das moradas
onde se escondem minhas marcas



mas a partir de hoje

no hoje meu marco
viverei a magia  de todo dia
sendo velho restolho parco
tão crente na fantasia de merlin
capaz de recolher o que chorei
o que de mim se escoou
pra recomeçar a viver, enfim

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