sexta-feira, 26 de setembro de 2014

gira sol.







Bira não vê a pira
de sua cremação indolor
dá o pira
e se atira
num banho de raios ultravioleta
que até da borboleta
rouba a cor

na cozinha enfurnada
erra no tempero
excede no sal

e lá do terreiro
vê a sala e o quarto
onde num reflexo
gira, gira  o sol

e se põe festeira
la pras bandas
da gafieira
com um homem mulato
do mato
com sapato de dançarino

e nem se lembra do menino
que gira ao seu redor

ela precisa viver
deixar um pouco
a lida normal
sem retroceder
até o próximo carnaval

no vendaval da ilusão
vê-se sair pela rua
descalça
sem destino
com a flor
símbolo
de sua sofreguidão

largou pra trás a tristeza
pra ver o desfile
lá do pontilhão

 e se tinha um figurante
com a mesma ideia
mirando-a
com um girassol na mão



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