viver como se cada encontro fosse o último
e cada despedida a derradeira...
e o que se leva senão lembranças do que foi vero
com uns pequenos ajustes aqui e ali...
ah, a maldita e genial máquina humana!
...e aquele afã incontido na memória
querendo um momento a mais, uma pitada a mais
da felicidade que permeia os extremos...
sim!
viver é cultivar aquele riso atemporal,
apesar das mudanças que sentimos
na flacidez dos músculos e nos vincos da pele.
viver e ser enterrado com sonhos
que são entregues verbalizados a cada nova geração...
viver como o barulho das ondas insones
que castigam as pedras...
e ao longe apenas recordar seu som
como idas e vindas da felicidade
num piscar lento dos olhos...
viver e crer, pela últimas vez,
que o amor é muito mais que uma sucessão
de encontros e desencontros...
e que, talvez,
sejamos apenas observadores
de algo impossível de se mudar
na linha vital repleta de escolhas...
e que, talvez,
cientes de nosso destino,
temos sim vocação para a paz interior,
mas, também, temos vocação para sucumbir
ao que a natureza explicita aos nossos olhos...
viver como se cada onda fosse a última,
cada visão do mar a derradeira,
e ser tragado pelas águas salgadas
com o sorriso de que valeu a pena...
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