terça-feira, 15 de dezembro de 2015

debaixo do meu chapéu







tinha um pássaro amarelinho
que fez seu ninho
debaixo do meu chapéu

tinha um arco-íris
que entrecortava de fora a fora
o horizonte do azul do céu

tinha uma sinfonia de beethoven
que só os ingênuos ouvem
não catalogada
tão serena e leve
como o cair da neve
na esperada alvorada
que eu assobiava ao léu
debaixo do meu chapéu

quando a donzela
vinha se achegando
abanei-o em saudação
mirando a capela
por tanto amor
menos por educação

mas ali parado
por ela desnotado
senti-me judiado
quando ela virou o rosto
pro lado errado
de minha ilusão

então

o pássaro migrou
abandonou minha percepção
o arco-íris se dissipou
ensurdeci-me à canção

segui pela estrada
com a cabeça de pesar pesada
com meu chapéu na mão



***


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