Três discípulos.
Ele ia, na noite chuviscada de lua crescente,
trepado nas costas de seu discípulo. O discípulo
tropeçou, caiu extenuado sem fôlego. Olhou
para a face do mestre. Agradeceu e morreu.
O Sol já despontava. O mestre fez outro discípulo
vitalício. Tinha só dez por cento da saúde e dos bens do
primeiro. Olhou para o mestre. Agradeceu e morreu.
Tantos dias e noites passaram. Tentou fazer um terceiro,
que recusou-se a carregá-lo a lugar nenhum. Este, ao recusar,
viu o corpo do mestre transformar-se num baú amarrado
com cipó espinhoso.
E saiu andando - pela vida - sem rumo, a lugar nenhum.
E, com tanto remorso, oferecia-se para carregar todos
do mal pro bem. Sim, fizera uma promessa.
E, em seu último sopro vital, viu o baú e uma face que o
agradeceu.
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