quarta-feira, 24 de março de 2010

flor de abóbora

flor de abóbora

os cavalos pisotearam a abobreira
florida de amarelo.
perda total.

alguns meses após
estava florida novamente.
tempestade. o terreno fora inundado.
perda total.

plantou, de novo, numa escarpa
onde nem os cavalos nem a tempestade
podiam destrui-la.

sorriu quando as flores abriram-se.
de longe flertava-as.
à época foi colher.
apenas uma vingara.

nervoso, a atirou longe.
em terreno úmido e fértil caiu.
estava certo de que não mais plantaria.
desanimou.
virou às costas.

ficou fora mais alguns meses
tocando o gado pelo sertão.

voltou e encontrou centenas de abóboras
esparramadas pelo chão a partir
do ponto que atirou a que germinara.

encontrou uma flor de plástico deformada,
já sem cor, pendurada no portão.

pensou:

do cio da terra brota a natural.
a postiça é só ilusão.
a natureza cuida de si,
mãos iventam-na.
cada qual cuide da sua.

tem que morrer pra nascer.
a flor de abóbora, amarela, exemplifica.








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