hei de saber que há
já nem sei quem sou.
há uma rua.
há carros. um semáforo.
há prédios de janelas iluminadas
(nem sei da luz do meu quarto).
há a madrugada.
houve outras melhores.
eu era travesso,
mas a travessura há muito me deixou.
hoje sou irriquieto (por dentro).
resumo do que já pensei e restou.
há a solidão das noites.
quero andar sem ter onde ir
(talvez, um nicho inexistente).
há outras ruas.
há outros noutros lugares.
sou um homem invisível.
sou o homem que passa,
passa da ilusão à alusão ao concreto.
não vou recuar...
e se o capiroto numa esquina me parar
direi:
não me engane.
basta!
sou a mais imperfeita criatura.
sou o homem que passa.
um, que de olhos cerrados
procura o único motivo
do há de haver sem enxergar.
eis aqui um homem maduro
das noites e madrugadas.
eis um homem que pensa.
que logo desiste
em seu submundo.
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