quarta-feira, 24 de março de 2010

hei de saber que há

hei de saber que há

já nem sei quem sou.
há uma rua.
há carros. um semáforo.
há prédios de janelas iluminadas
(nem sei da luz do meu quarto).
há a madrugada.
houve outras melhores.
eu era travesso,
mas a travessura há muito me deixou.

hoje sou irriquieto (por dentro).
resumo do que já pensei e restou.

há a solidão das noites.
quero andar sem ter onde ir
(talvez, um nicho inexistente).

há outras ruas.
há outros noutros lugares.

sou um homem invisível.
sou o homem que passa,
passa da ilusão à alusão ao concreto.
não vou recuar...

e se o capiroto numa esquina me parar
direi:
não me engane.
basta!

sou a mais imperfeita criatura.
sou o homem que passa.
um, que de olhos cerrados
procura o único motivo
do há de haver sem enxergar.

eis aqui um homem maduro
das noites e madrugadas.
eis um homem que pensa.
que logo desiste
em seu submundo.








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