sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Dr. Sinistro

O Dr. Sinistro

sobretudo sépia desbotado
doces de abóbora no bolso
cordão de prata
pingente da estrela de davi
uma curva inclinada de tinta
um riscado curvo no pescoço
cútis de loiro moço

uma metralhadora plástica
na cintura sob o cinto largo de couro
calça social de tecido sintético
uma obturação de ouro
sintetiza-o

mas não seu dom profético
aritmético
extraído do torá
no paraíso multiracial
avesso de shangri-la

um dia quis ser médico
homem-bomba em jerusalém
disse ao rabino da sinagoga
num hebraico aportuguesado

chegou à favela
de irmãos e meio-irmãos
adoçou a boca das crianças com os doces
ateou fogo na metralhadora ao vivo

voltou.
viu um 737 cruzar o céu
sentiu saudade

parou pra mijar num beco
desnotado na multidão
sentiu a liberdade

houvera deixado sua lição
aos exemplares excluídos
o extravagante amalucado

um gesto de mais de mil palavras
debaixo da cruz da catedral
dos badalos dos sinos
que anunciavam a festa do purim.






















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