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ora! que já vens alegre
deusa das flores e do renascer!
desces do fundo azul
flertar com o passaredo
enfeitar as árvores
trazer adereços ao amanhecer
desde cada gotícula de orvalho
até aos jorros de prazer,
soprai, ó deusa!
soprai as folhas do chão!
com o som de teu chocalho!
seres recônditos vão aparecer
tal a flama frágil
insistente que inda trago
pra ver-te em comunhão!
ó deusa!
cantai silenciosamente
um canto alegre diferente,
tristezas foram folhas secas
que o vento levou de repente,
já a primavera da vida
é a fugaz seiva retida
nos seios do solo
e se trazes no colo
águas como lágrimas
derramadas em euforia,
aquenta meu corpo, senhora
já que em tua chegada
meu tempo se retrai
se silenciosamente chegas
se silenciosamente vais embora
cantai e cantai, ó deusa
enquanto cantas
sei que não vou morrer
cantando-te menino
o presente que me trazes agora
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