domingo, 23 de setembro de 2012

a casa vazia ou o hóspede.

trazia emblemático o restolho do que foi
ao deparar-se humilde
com o frontispício de pedras de mármore
numa entrada triunfal à nova vida
de sonhos reais
...

eis que ao olhar ao redor
viu um pássaro maltratado pelos anos
que se escondia silencioso entre os ramos
num pêndulo-de-último-suspiro

deu meia volta
catou as migalhas de pão da bolsa
e as jogou ao chão,
pensou nele mesmo como aquele pássaro
de um ciclo nas asas do vento,
e contemplando todo o luxo da nova morada
correu em tamanha disparada
sem olhar pra trás...

"não
não era o que queria
pois quem nasceu para ser pássaro
é  incapaz de preencher
e cantar entre paredes vazias,
de que valeria o conforto a aquecê-lo
naquelas celas frias?

apenas desejava
morrer solitário
num último voo livre,
afinal, só lhe aprazia
a lida contumaz
do destino inescrito
em sua vã filosofia:
a de que cada um tem sua fatia












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