terça-feira, 10 de setembro de 2013

7 poemas de segunda numa segunda-feira.

7 poemas de segunda numa segunda-feira.




da beira mar um  aceno
meu medo da gangorra
dum  querer além

virei às costas
me afoguei em  terra

de tanto procurar
teu último adeus
que as ondas levaram


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já não me culpo
de todo dia querer morrer

culpo-me
apenas por resistir
ao que morreu em  mim

desmotivado
apenas cuidando do meu corpo

sobrevivendo
a uma vida tão igual


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tudo que tenho
foi-me dado de graça
até um  caminho

há uma senda
que me leva ao objetivo
de uma luz negra
apagada
no fim  de qualquer jornada
pra me iluminar

que me fará ser eu mesmo

nem  que eu morra
no afã de acendê-la


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um  amigo me deu às costas
sem  eu nunca dele precisar

talvez porque não desejasse
ter que me encarar

 e ouvir
que nem  a meu enterro precisaria vir

e nem  virá
pois ele já morreu
no  diário que incinerei

na borracha que passei na mente
simplesmente
porque à partir do fato
encarei-me pra ver
que só precisava de mim


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por você
sempre fiz bobagem

mas hoje criei coragem
de te matar em  mim

assim

ainda farei outras
e por outras enfim

e se não és mais
minha única bobagem  

ponha a mão na consciência
dá um  breque na demência

eu tô curado
não venha acender o estopim

tá queimado
desde o momento que parti
e tu disseste sim

adeus
por enquanto


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no trem
uma criança pobre
pede um  biscoito
a mãe de chinelo de dedo

isso me entristece

pois a política
de um  dedo em  riste
aponta o quão triste

são todas as estações
em  que desembarcam
os olhares de crianças

que nem  sabem
da pobreza extrema
de todos
que veem  elas descerem

do trem  que vai e volta
lotado de esperanças


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o óleo diesel do córrego fétido
parece um  arco-íris horizontal
sobre os dejetos da civilização

quanto dói em  mim
ver o arco da aliança
tão belo sob as nuvens

imperecível

neste olhar passageiro
de tanta desnatureza
sufocando meu basta

e empurrando-me
a um  vale verde
em  que eu seria mais humano
sem  um  plano de fuga


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