domingo, 1 de dezembro de 2013

só o vazio é eterno.







olhe as plantas
que já foram verdes
quando o sal da vida
era a corrida
sem olhar à frente

olhe o coral tristonho
de vozes embargadas
incrédulas no adeus

olhe o rosto
que já foi moço
no 'espelhomente'
do sorriso acidental

como podes  não perceber

o que vês

senão o êxodo
de dias contados
pra nesse coitado renascer

a vontade de regressar
do futuro inclemente
adiante do que nunca soube
e se soubesse no presente
o esmo que viria
nada me roubaria
o último suspiro até dizer

por quê

porque  num instante
morro à sua frente
tão longe de teus olhos

no cortejo que passa
roubando  toda graça
que há no nascer

porque morrer
é a resposta sem pergunta
de sim e não
de tudo e nada na ilusão
do vazio eterno
que vive neste chão


***

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